segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cornetadas da final

Fabio Lessa

Que grande jogo ontem no Maracanã ! Que conquista a do Flamengo!

A atuação do Botafogo no segundo tempo, com um futebol aplicado, organizado e aguerrido, deixou a impressão nos botafoguenses de que, novamente, time e torcida mereciam melhor sorte. Esse sentimento valoriza ainda mais a conquista Rubro-negra.

Os adjetivos ao time de General Severiano não são novidades, pelo contrário, são características quase sempre presentes nas equipes dirigidas por Ney Franco, porém, a lógica do futebol não admite dois campeões, salvo quando a cartolagem e as decisões extra campo têm o luxuoso auxílio dos regulamentos atrapalhados.

Deixando de lado a correção política dos comentários acima, quero colocar as seguintes perguntas:

A conquista se deve às atuações de Bruno e Kléberson? A ausência da torcida do Botafogo atrapalhou?
Serão as interrogações acima frutos de minha imaginação excessivamente crítica?

A imprensa se encarregou de responder a primeira pergunta com exaltações feitas à atuação de Bruno com os pênaltis defendidos e jogou confetes à atuação de Kléberson, com a frase feita e sempre presente: "Atuação de penta-campeão".
Ok .... mesmo este ser crítico concorda que Kléberson criou, marcou, correu e inventou dois gols. Gols inventados sim, pois um nasceu de uma cabeçada pro meio da área e o outro foi resultado de um desvio em Alessandro... O que nos leva a atuação do Bruno.

Bruno pegou três pênaltis e clamou por vaga na seleção com a declaração quase humilde de que: "Seleção é consequência". Este clamor é fruto dos elogios desmedidos que recebe e que esquecem de dizer o quão irregular o goleiro do Flamengo é debaixo dos paus.
Parece que há determinados momentos em que Bruno se reveste de auto-suficiência e se comporta como jogador inconteste. Justamente nestes momentos algo acontece, como a falha no gol contra o Inter no Brasileiro no ano passado, no episódio extra-campo com Andrade e em suas declarações de como ele é um jogador para conquistar mais do que simples títulos estaduais (na verdade o Flamengo é afeito a títulos maiores e não Bruno) e, em menor escala, na saída no segundo gol do Botafogo. Não falo sobre o primeiro gol, pois a falta foi muito bem cobrada por Juninho.

Já ficou claro que Eu, daqui do meu canto, não acho que tenha sido Bruno o herói, tampouco Kléberson. Acredito que os pênaltis defendidos apenas o redimiram de uma atuação regular durante os noventa minutos (regular pois defendeu um pênalti no tempo regulamentar, caso contrário, teria sido ruim) e que os gols de Kléberson foram alguma coisa (talvez combinação de acaso com má colocação do goleiro).

Eu acredito que a conquista tenha sido resultado de uma combinação de muitos fatores, pois estas, quando vêm, estão sempre ligadas a eventos em série, não controlados e ocasionados por ações instantâneas, independentes do querer ou do poder.

Os fatores que cito como possíveis são :
- A presença da torcida Rubro-negra. A ausência da alvi-negra.
- A existência no Flamengo de um banco e de um elenco com mais opções. A ausência de Maicosuel e Reinaldo ou de peças de reposição à altura no Botafogo.
- Bruno pegou dois pênaltis. Renan não pegou nenhum.

Estou em dúvida quanto a citar o imponderável ou o personagem de Nelson Rodrigues,"Sobrenatural de Almeida", pois já se diz que o sujeito diante de uma série de acontecimentos adversos está diante da "má-sorte botafoguense". Acho que isso é um pouco cruel, assim como seria cruel dizer que o além tirou mais um título do Botafogo.

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